Sindrome de FOMO (Fear of missing out)

Fala galera! Seis tão baum?

Faz tempo que não escrevo sobre carreira aqui no site, mas essa semana me peguei pensando sobre o atual momento da tecnologia da informação, não só no Brasil, mas no mundo todo.

Eu comecei minha carreira em 2004, e de lá para cá são 18 anos trabalhando com tecnologia, passando por todos os estágios possíveis, desde o carinha do computador, montando e formatando PCs, até hoje Arquiteto de Soluções Cloud e DevOps Tech Lead.

Com quase 20 anos de profissão, posso dizer que o profissional de TI nunca foi tão bem pago e reconhecido como hoje. Muito graças a pandemia do COVID-19.

Por favor, entenda e não tire nada de contexto: não estou dizendo que a pandemia foi algo bom, muito pelo contrário, foi e ainda é um dos piores e mais trágicos acontecimentos da humanidade. Nenhuma vida vale um emprego ou um bom salário.

Todo mundo sabe que com a pandemia, o mundo foi forçado a acelerar a transformação digital, e com isso personas como nós da TI viraram protagonistas, o mundo começou a ver com outros olhos o quão importante é o trabalho destes profissionais.

A demanda por profissionais aumentou e consecutivamente os salários.

Eu não sou programador, sim programador! Era assim que os DEVs, Desenvolvedores de Softwares eram chamados, nada cool como nos dias de hoje.

Sou um Sysadmin, trabalhei a vida inteira com infraestrutura, ou aproveitando o hype, sou o Ops do DevOps.

Na minha época dizer que era programador já não era grande coisa, Sysadmin então…

Hoje a história é diferente, ser DEV, DevOps, SRE e mais um milhão de buzzwords que esteja passando na sua cabeça é bacana, descolado e você tem orgulho de falar para a família e amigos que trabalha com TI, hoje todo mundo sabe o que é TI. Ah, e paga salários altíssimos em pouquíssimo tempo (contém ironia nessa parte, é verdade).

Fique tranquilo, não vou falar sobre como ganhar 5k em 6 meses. (É mentira!)

Brincadeiras à parte, o tópico principal é falar sobre FOMO.

O que é FOMO?

FOMO é a sigla da expressão em inglês “fear of missing out”, que em português significa algo como “medo de ficar de fora” ou “medo de estar perdendo algo/timming”

E por que eu contei toda essa história para falar de FOMO?

Simples, TI é a profissão do momento, e o que mais temos hoje em dia são anúncios de vagas para trabalhar com TI, e o gatilho para escrever este artigo foi justamente este.

Ao mesmo tempo que fico feliz em ver minha profissão com tanta oportunidade de trabalho, fico indignado com os descritivos/requisitos para ocupar essas vagas.

Chega ser surreal a quantidade de tecnologias e habilidades que o candidato precisa ter. Na minha opinião, em alguns casos (e são muitos) beira o desrespeito.

Aí você pode dizer: pô Antonio, mas sempre foi assim e se não gostou da vaga é só não se candidatar!

É fácil pensar assim quando estamos empregados, com um bom salário e as contas pagas. Para quem está buscando o primeiro empregou ou precisando se recolocar, a história é bem diferente.

É no mínimo uma situação muito estranha, o júnior precisa ter experiência, o sênior precisa pilotar foguete!

E isso faz com que o FOMO seja uma síndrome latente na vida dos profissionais de TI.

Eu trabalhei mais de um ano como coordenador, e uma das minhas atribuições era buscar novos talentos, não sou uma celebridade e estou longe de ser uma pessoa muito conhecida, mas para minha realidade, eu tenho uma quantidade considerável de contatos no Linkedin.

Muitas pessoas nem percebem que estão no modo automático, mas o medo de perder aquele voucher grátis, aquela oportunidade de aprender determinada tecnologia somente essa semana, o arrasta para cima para te levar do zero absoluto ao emprego de 5 dígitos e o marketing agressivo dos cursos preparatórios para certificações, está deixando todo mundo louco.

Reflexo disso é a quantidade de profissionais recorrendo aos famosos Dumps. Se você não sabe o que é, confere este artigo: Pare de incentivar as pessoas que usam braindumps

Rapidamente: dump é uma cópia do exame de certificação, o candidato decora faz a prova e passa.

E isso é péssimo para todo mundo, ruim para o candidato que não aprende o conteúdo, ruim para a empresa que contrata e não tem resultado, e ruim para o mercado, que começa não dar crédito a certas certificações, cursos e especializações.

O medo de não ter aquela tecnologia, certificação ou aquele curso gratuito que nem faz sentido para você no momento, traz o sentimento de estar fora do jogo, para trás das outras pessoas, te levando a sacrificar sua saúde em busca (e de preferência no menor tempo possível), do tão sonhado perfil.

Em algum momento da vida, vai ser necessário fazer sacrifícios, se doar ao máximo e renunciar muitas coisas para alcançar um determinado objetivo.

Isso é normal, o que devemos tomar cuidado, é não deixar que este “momento” vire rotina e traga duras consequências para sua vida profissional e pessoal.

A sensação de pânico que vem do FOMO é muito comum em ambientes corporativos. Os profissionais sentem que podem perder novas oportunidades se não mantiverem o piloto automático ativado.

Você precisa entender suas necessidades, expectativas e sonhos. Eles são únicos para você.

Resumindo o FOMO “fear of missing out”

Sintomas comuns:

• Desejo de fazer tudo e estar em todos os lugares.
• Copiar as escolhas dos outros.
• Necessidade de sempre alcançar os outros.

Consequências comuns:

• Stress
• Ansiedade
• Depressão

Como superar:

• Reconhecer o FOMO.
• Desacelerar e ir mais devagar.
• Ser honesto consigo mesmo.
• Buscar ajuda de um profissional da saúde.

Importante: essa é a minha visão, visão de quem já passou por um Burnout, e faz tratamento até hoje das consequências desta síndrome.

Eu não sou médio, não sou psicólogo e muito menos psiquiatra!

Se estiver com dificuldades, procure se apoiar na família, amigos e até mesmo buscar a ajuda de um profissional.

Geralmente um psicoterapeuta ou psiquiatra. Ele pode receitar terapia ou outro tipo de atendimento psicológico.

Pelo amor de Deus, esquece essa de Dr. Google!

É isso galera, espero que tenham gostado e que de alguma forma este artigo possa lhe ajudar nessa jornada de autodescobrimento.

Forte abraço!